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A VOLTA POR CIMA DA TELEVISÃO: O TRIUNFO DA VELHA MÍDIA NA ERA DIGITAL


Meu último artigo – “Marca se constrói no break e não no like” – gerou um vendaval no meu inbox, depoimentos de muitas pessoas que se identificaram com a abordagem sobre a estratégia da Rede Globo para vender o produto dos seus anunciantes. O relato mais impressionante veio de um dos principais nomes do ramo imobiliário de João Pessoa, sede do nosso Grupo. Ele citou uma ação feita totalmente no meio digital que levou o maior número de pessoas que ele conseguiu colocar em um lançamento, mas que, para sua surpresa não comercializou uma unidade sequer.

Dias depois, repetiu a ação incluindo TV e o resultado de vendas foi estrondoso. Ou seja, para engajar o digital é bom, mas, para vender mesmo, os meios tradicionais são muito mais eficientes. Nesse novo ensaio, vou continuar no tema destacando um livro que me foi sugerido pelo Head de Inteligência do Sin Group, Rodrigo Mendes Ribeiro, sociólogo, cientista político e professor da UFMG que trabalha diretamente comigo e vez por outra me encontra no cafezinho. Lembro que com a febre do Inbound Marketing ele me abordou com essa:

– Oxe, meu velho! Esse negócio de Inbound é Marketing de Relacionamento puro que eu estudei séculos atrás. Que nome mais esquisito é esse, irmão? Desse trem, eu conheço. Acho que esse trem é mais um modismo.


Pois bem, o livro é o de Michael Wolff, publicado pela Editora Globo em 2015, e me parece que foi atualizado recentemente, embora eu tenha lido a versão anterior. Na análise, o autor faz uma contextualização dos fatos desses últimos 20 anos, quando as empresas de tecnologia iniciaram a revolução nos meios de comunicação liderada pelas mídias digitais, gerando diversas transformações. Os sites de busca recriaram a forma como as pessoas procuram por informações, as redes sociais geraram novas experiências entre os usuários: no entanto, o fim da televisão e a migração do público e dos investimentos para o digital não aconteceu como o esperado.

Em “Televisão é a nova televisão”, Wolff destaca que, embora a tecnologia tenha criado novos suportes, o conteúdo audiovisual disponível em tablets, smartphones e computadores nem sempre respeita quem o assiste. Quantas vezes você perdeu tempo com um vídeo que faz uma volta à lua para dizer o que interessa? O autor mostra como o modelo de negócios da TV está consolidado e que a mídia digital ainda está em busca de formatos que resolvam de fato os problemas dos clientes. Com um texto claro, simples e recheado de exemplos, Wolff prova que as previsões apocalípticas falharam. A televisão está se adaptando à popularidade da internet e se renovando. Os espectadores querem assistir aos seus programas de TV favoritos em sites de streaming. Séries com tramas complexas e personagens contraditórios conquistam milhares de espectadores, tornando-se fenômenos internacionais.

Grandes eventos esportivos continuam vendendo seus direitos de transmissão para a TV e mobilizando grandes audiências. Na partida Brasil x Argentina pela Copa América, o Ibope registrou 66,5 milhões de pessoas que assistiram à partida do começo ao fim. O recorde do Facebook foi com a partida Flamengo e San José, no dia 11 de abril na Copa Libertadores, quando atingiu a marca de 1 milhão de espectadores simultâneos. Independentemente da geração, o Homem já provou sua capacidade de adaptação, como tão bem define a literatura refinada shakespeariana. O mesmo ocorre com uma marca com propósitos claros como a Rede Globo. Ela não nasceu um IPhone X, mas, aos poucos, foi se aperfeiçoando, dia após dia, ao ponto de enxergar que não precisaria do Netflix para competir no streaming.

Vejo a Globo se adaptando de acordo com o que as pessoas estão dispostas a consumir. Ela entendeu a regra do jogo. O Brasil é um país em que um estado pequeno como Sergipe é do tamanho de Israel e a maioria da sua população é de níveis pobres, onde a supremacia da televisão ainda reina absoluta. Ora, sejamos inteligentes. Vamos pensar fora da caixa para enxergar o óbvio: o digital ajuda muito, mas não resolve sozinho.

Aproveito para compartilhar aqui os primeiros comerciais exibidos nacionalmente no formato de 06 a 10 segundos na Globo. Asso um dedo se isso não for a TV dando a volta por cima e provando que vai usar a experiência digital do usuário para engajar e vender. Afinal, é isso que importa.

Primeiros comerciais de 10”

Ifood

Piracanjuba

Primeiro VT de 10″ assinado pela Sin Comunicação

Primeiro comercial de 6”

VT provocativo da Rede Globo “Ninguém vê TV”