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Mudanças que o mundo levaria décadas para fazer e que tivemos que implantar à força em questão de meses.
Havia uma visão entre especialistas de que faltava um símbolo para o fim do século 20, época altamente marcada pela tecnologia. E esse marco está sendo a pandemia do coronavírus, segundo a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, professora da Universidade de São Paulo e de Princeton, nos EUA, em entrevista que li esses dias.
“Alguns historiadores já diziam que o longo século 19 só terminou depois da Primeira Guerra Mundial [1914-1918]. Nós usamos o marcador de tempo: virou o século, tudo mudou. Mas não funciona assim, a experiência humana é que constrói o tempo. Eles têm razão: o longo século 19 terminou com a Primeira Guerra, com mortes, com a experiência do luto, mas também com o que significou a capacidade destrutiva. Acho que essa nossa pandemia marca o final do século 20, que foi a Era da Tecnologia. “Nós tivemos um grande desenvolvimento tecnológico, mas agora a pandemia mostra esses limites”, diz Lilia.
A Fundação Dom Cabral tem dito que o coronavírus funciona como um acelerador de soluções. A pandemia antecipa mudanças que já estavam em curso, como o trabalho remoto, a educação a distância, a busca por sustentabilidade e a cobrança, por parte da sociedade, pela Responsabilidade Social das empresas.
Durante a quarentena, fomos avançando em saltos qualitativos, pois adquirimos um novo conjunto de competências capazes de conectar, colaborar e criar, em todos os aspectos da vida, do comércio e do governo, soluções antes impensadas. Construímos hospitais em 30 dias, implantamos reuniões virtuais em 24 horas, aprendemos a fazer feira online, descobrimos o prazer de ler um livro digital. De súbito, aumentamos imensamente o número de coisas que podiam ser feitas no conforto de casa.
Terminamos 2020 totalmente reconfigurados. E essa reconfiguração está acontecendo mais rapidamente do que conseguimos nos transformar, assim como nossas lideranças, instituições, sociedades e escolhas.
Existem anos especiais nas safras de vinho, assim como, na história, e os anos de 2007 e 2020 estão entre eles, apesar de toda dor e sofrimento causados à humanidade.
Empreendedor e fundador do Sin Group.